domingo, 10 de maio de 2015

Os Objetos

Posted by Carolina Desirée On 16:25
Seus primeiros anos de vida foram rabiscos. Círculos, traços e desenhos abstratos elaborados por Arthur. Ele criou seus próprios heróis, inspirados em figuras de quadrinhos quando o tempo passou. O lápis de cor Faber Castell foi seu melhor amigo, sempre a mochila aonde quer que fosse.

Criança solitária, com amigos na escola, fazia-os com facilidade, mas em suas tardes a imaginação e fantasias como companhias.

Aos sete anos mudou-se para um condomínio na região da Ponta da Praia, em Santos, com sua família. Conheceu crianças e a liberdade cercada por altos muros em um belo jardim. Uma tubulação, uma brincadeira, caça ao tesouro. Canos, ocultados anteriormente pela grama, à mostra em um buraco. O verde ao avesso, misturado a terra transformou-se em montanhas. A reforma permitiu que reluzentes pedrinhas pudessem ser vistas pelos pequenos seres imaginativos. Em meio às partículas marrons e pigmentos esverdeados, Arthur e seus colegas de vizinhança escalaram, buscando no monte as mais belas pedras para guardar de presente. Por dias essa foi a preferida brincadeira, como quem recolhe conchas na praia.

Em seu aniversário aos doze anos, Arthur ganhou uma calça jeans. De tão confortável evitava tirá-la. Sua peça de roupa preferida! Isso lhe custou muitas risadas e piadas das meninas e vizinhas do condomínio, mas o menino nunca se permitiu inferiorizar por seus costumes. Impressionante para um garoto em sua idade! Acrescentou um adereço ao vestuário: uma corrente presa ao passador do jeans.

Aos quinze anos, sentiu-se atraído por meninas. Em seu primeiro encontro com Sofia, o chuveiro entrou em chamas sobre sua cabeça, por tomar banhos muito quentes. Por mais que sua mãe lhe chamasse a atenção, ele nunca imaginou que pudesse acontecer. A história serviu para descontrair o clima tenso antes do primeiro beijo. Muitas risadas.

Sofia, com complexo pela baixa estatura, adorava saltos. Quanto mais alto, melhor, mesmo com as dificuldades para caminhar. Necessitava do carinhoso auxílio de Arthur para enfrentar as ruas esburacadas e evitar tombos.  Sozinha, um dia foi ao chão quando o salto agulha da sandália branca quebrou. Arthur cuidou de seu machucado, um ralado no joelho, com Merthiolate, com fórmula indolor. A jovem foi presenteada, como mimo, com uma caixa de chocolates. Seu doce preferido entre os bombons? Confete!

Arthur colecionou os bilhetes de Sofia, guardados em uma caixa como tesouros. Adorava lê-los. Bobo sorriso apaixonado cada vez que relia as cartas. Respondeu-os?


Em uma visita a tia, que sempre guardou seus desenhos, ele percebeu que após trinta anos, os traços coloridos no sulfite na infância tornaram-se textos digitados no computador. Arthur escrevia sobre heróis em um blog, sob o formato de fanfic. Psicopatas, sentiu interesse pelo assunto. Pesquisou através de livros para criar um personagem. O primeiro livro de sua biblioteca no tema? Serial Killer louco ou cruel? Quem sabe não criar um personagem com desenvolvida psicopatia e surpreender a todos os leitores no final?    
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    Textos produzidos em Oficina Literária Como escrever um livro. Curso iniciado em agosto de 2014. O professor Marcelo Ariel em cada aula nos desafia com diferentes temas e formatos de textos (escritos de dez a quinze minutos em média) Proponho que em cada "lição", o leitor do blog imagine o que foi sugerido em aula. Quem será capaz de adivinhar? Em alguns textos há personagens do livro em andamento em meu computador. Em abril de 2015 iniciaram-se as reuniões do Grupo de Estudo criado em oficina. Textos produzidos para essas reuniões terão marcação de Grupo de Estudo.